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DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA: Confira fatos que se destacaram em Simões Filho e na história pelos direitos do povo negro

MARCOS CASTELLI, REDE IMPRENSA

O mês de novembro é marcado pelo “Dia da Consciência Negra”, celebrado hoje, 20 de novembro. A data marca ações e destaca a luta do povo negro contra a discriminação racial e a desigualdade social. O Dia da Consciência Negra é comemorado em todo país, mas, apesar de ser feriado em mais de mil cidades brasileiras, em Salvador, ‘Primeira Capital do Brasil’, onde habita a maior população negra fora da África, não é feriado.

O dia lembra a morte do líder Zumbi dos Palmares, que lutou contra a escravidão no nordeste, e oportuniza refletir sobre a posição dos negros na sociedade. Afinal, as gerações de afro-brasileiros que sucederam à época da escravidão ainda convivem com a discriminação social e preconceito.

Quase metade da população negra possui empregos informais, cerca de 46,9%, conforme os dados mais recentes, deste ano, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em contrapartida, o percentual entre brancos é de 33,7%. Pesquisa do Instituto Ethos, realizada em 2015, deixa mais evidente a enorme desigualdade entre brancos e negros no mercado de trabalho. Segundo o Instituto, que analisou as 500 empresas de maior faturamento do Brasil, os negros representam apenas 4,7% do quadro executivo e 35,7% do quadro funcional dessas organizações. Em cargos de gerência, eles são 6,3%, e entre estagiários e trainees, representam 28,8% e 58,2%, respectivamente.

Alguns fatos históricos relembram a luta da população negra pelos seus direitos. Vejamos alguns:

Em Simões Filho, no novembro de 2017, a gestão do prefeito Dinha Tolentino, realizou o lançamento de Observatório e caminhada no dia da Consciência Negra. Naquela ocasião, um expressivo público participou da 1ª Caminhada Pela Igualdade Racial, promovida pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e da Cidadania (Sedesc), através da Coordenação da Igualdade Racial, sob o comando de Tânia Carvalho.

Antes de saírem em caminhada até a Praça da Bíblia, houve o lançamento, no Centro Social, do Observatório da Discriminação Racial e LGBT. Os eventos marcaram as celebrações da importante data nacional e relembrou a morte de Zumbi de Palmares em 1695.

O Observatório da Discriminação Racial e LGBT foi criado como política pública contra o racismo, preconceito, intolerância religiosa e violência contra a juventude negra. O evento contou com a presença do vice-prefeito Sid Serra, da primeira-dama do município, Kátia Oliveira (vereadora na época) e  vereador Orlando de Amadeu.

Simões Filho, novembro de 2018, foi marcado pela celebração realizada pela Comunidade Quilombola Pitanga de Palmares. O evento contou com o apoio da Prefeitura de Simões Filho e as atividades fortaleceram as redes de proteção às tradições e a cultura. Em paralelo as atividades em alusão ao Dia da Consciência Negra, a comunidade quilombola realizou o tradicional Festival de Cultura Quilombola, com o tema: “O Guerreiro Vive – Binho do Quilombo, presente em Pitanga de Palmares”.

Na ocasião, Sid Serra, vice-prefeito, destacou que “a nossa cidade é rica em cultura e a nossa gente é o nosso maior patrimônio”. “Diariamente, estamos na luta pelo fortalecimento e resgate das tradições e dos movimentos culturais. Nos quilombos, eles fomentam a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, acrescentou o secretário de Cultura.

A líder comunitária, Maria Bernadete Pacífico, na oportunidade agradeceu ao prefeito Dinha. “Queremos agradecer ao prefeito, por se manter aberto ao diálogo e presente na nossa comunidade”, disse. Ela disse ainda que “somos o maior símbolo de força, luta e resistência. Lutamos diariamente por ações e iniciativas que contribuam para o fortalecimento das nossas tradições e culturas. O nosso maior pedido é por paz”.

Marcha Zumbi dos Palmares

No dia 20 de novembro de 1995, cerca de 30 mil pessoas se reuniram, em Brasília, na Marcha Zumbi dos Palmares. Neste ano, celebravam 300 anos da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, o maior do período colonial. Na marcha as pessoas foram às ruas para dar visibilidade às mazelas da população negra e protestar por políticas públicas de equidade.

O movimento, nomeado como “Marcha Contra o Racismo pela Igualdade e a Vida”, foi uma iniciativa do Movimento Negro, e denunciou a inexistência de amparo legal às práticas discriminatórias. Em seu manifesto, eles retrataram como essa ausência possibilita a reprodução dos preconceitos. O movimento também denunciou índices da educação, saúde e violência para comprovar que a população negra é mais vulnerável.

Lei da Cotas

Foi também pensando em educação e em ocupar espaços, que foi criada em 2012 a lei nº 12.711, conhecida como a Lei de Cotas. Através dela, as instituições de ensino superior, federais e particulares devem seguir especificações nos seus processos seletivos para estudantes afrodescendentes. Posteriormente, em 2016, foi expandido o sistema de cotas para estudantes oriundos de escolas públicas. A UFBA é a universidade com mais diversidade cultural nesse sentido, pois aderiu ao sistema de cotas 15 anos antes de sua obrigatoriedade.

Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver

As necessidades das mulheres negras são únicas e foram a reivindicação do protesto em 2015, a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver.

A manifestação ocorreu no dia 18 de novembro. Cerca de 50 mil mulheres ocuparam o Eixo Monumental em Brasília, região da Esplanada dos Ministérios, além de marchas realizadas em outras cidades do país. No manifesto da Marcha, as mulheres deixam explícito como sofrem com a invisibilidade de suas necessidades, apesar de serem uma parcela significativa da sociedade.

Atualmente, no Brasil, existem 49 milhões de mulheres negras, isto é, 25% da população brasileira.

Marcha do Empoderamento Crespo

No dia 7 de novembro de 2015 aconteceu em Salvador a primeira Marcha do Empoderamento Crespo. A Marcha reivindicou a visibilidade e liberdade dos corpos negros, exigindo o respeito à diversidade cultural e estética negra.

O início da organização foi pela internet, nesse momento viralizou nas redes sociais o desafio da transição capilar, processo de abandono da química que alisa os cabelos. Hoje o grupo do Facebook possui cerca de 13 mil participantes.


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