Em meio ao escândalo de fraudes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), aposentados têm identificado um novo tipo de desconto indevido: débitos automáticos realizados diretamente em suas contas bancárias, sem qualquer autorização prévia.
Diferentemente das fraudes que estão sendo investigadas pela Polícia Federal — que envolvem descontos lançados diretamente na folha de pagamento como supostas “contribuições associativas” — esses débitos ocorrem após o depósito do benefício e não aparecem discriminados como descontos do INSS.
Segundo relatos de beneficiários, as cobranças não autorizadas surgem com a identificação de empresas como Paulista Serviços (ou Pserv) e Aspecir, nomes que não constam entre os alvos da operação policial mais recente. No entanto, ambas as empresas são alvos de milhares de ações judiciais movidas por consumidores que relatam situações semelhantes de cobrança indevida.
Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelam que a Paulista Serviços responde a mais de 15 mil processos na Justiça de primeira instância e nos juizados especiais. Já o Grupo Aspecir, que reúne três empresas, soma 20.777 ações judiciais, sendo 14.042 somente contra a Aspecir Previdência.
Esses débitos têm chamado a atenção após mensagens de notificação enviadas pelo próprio INSS a aposentados, informando sobre movimentações suspeitas nas contas. Muitos segurados passaram a revisar seus extratos bancários e identificaram as cobranças não reconhecidas, fortalecendo as suspeitas de irregularidades sistêmicas.
As denúncias levantam questionamentos sobre a responsabilidade dos bancos na autorização desses débitos e reacendem o debate sobre a proteção dos dados e direitos dos aposentados. A recomendação de especialistas em direito do consumidor é que qualquer cobrança não reconhecida seja imediatamente contestada junto à instituição bancária, registrada no Procon e, se necessário, levada ao Judiciário.