O cotidiano de crianças de escolas das áreas rural e urbana apresenta diferenças que, quando compreendidas, ajudam a aproximar as realidades dos estudantes. Com objetivo de encurtar essas distâncias, a Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado (SDR) realizou nesta quarta-feira (11), no Quilombo Pitanga dos Palmares/Caipora, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), o primeiro intercâmbio do projeto “Meio Ambiente em diversas perspectivas”. A ação reuniu 60 crianças de duas escolas da zona urbana uma da comunidade quilombola para troca de experiências com atividades culturais e de educação ambiental.
Bárbara de Jesus, 13 anos, ficou encantada com a vida no quilombo. “É uma lugar mágico. A gente participou da horta, aprendemos a plantar. As pessoas aqui vivem numa relação muito bonita com a natureza”. Rebeca Silva, 11 anos, quer voltar mais vezes. “Eu quero trazer meus pais aqui, quero que todo mundo veja porque é muito lindo. O que mais gostei foi na hora que alimentamos os peixes, não é algo que a gente faz na cidade”.
De acordo com Célia Watanabe, superintendente de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), da SDR, a ideia do programa é disseminar conhecimentos sobre o cotidiano e a história dos quilombos e de educação ambiental para as crianças. “É uma troca sobre como é a vida nessas comunidades e também uma oportunidade para ensinar às crianças sobre os processos de interação com a natureza, o cuidado e respeito com o lugar e com a produção da alimentação mais saudável, sem produtos químicos e processados”.
Para Maria Bernadete Pacífico, a líder da associação de moradores do Quilombo, a ação contribui para a valorização da memória das comunidades quilombolas. “Passar a nossa história adiante é uma maneira de proteger tudo o que enfrentamos, o conjunto de lutas e batalhas que o povo negro passou. Atividades como essa alimentam as chamas nos corações das crianças, e daqui elas podem levar o que aprenderam para as suas casas e espalhar esse conhecimento.”
Intercâmbio
Nesta primeira edição, participaram alunos de três escolas, o Colégio Estadual Reitor Miguel Calmon e a Creche Escola Reverendo Rodrigo Silva Santana, ambos do município, e o Centro Comunitário Nossa Esperança, da comunidade quilombola. As crianças participaram de debate sobre conscientização ambiental, transplante de mudas de hortaliças, plantio de mudas frutíferas, apresentações culturais, músicas, vídeos, caminhada, dinâmicas, brincadeiras, oficinas de material reciclável e o plantio de uma cápsula do tempo, com desenhos e pedidos das crianças participantes.
Na cápsula do tempo, um recipiente feito de PVC, foram colocados objetos e informações da atualidade, materiais produzidos pelas crianças, como desenhos, pinturas, objetos, cartas, pedidos e outros. Ela será aberta em 2025, ano-meta do Brasil no contexto do Acordo de Paris, para redução das emissões de gases de efeito estufa. O propósito da cápsula é refletir como as ações do presente terão resultado no futuro e que mundo queremos deixar para as próximas gerações.