O presidente Jair Bolsonaro (PL) rompeu o silêncio em último pronunciamento antes de deixar o Palácio do Planalto, nesta sexta-feira (30), e se dirigiu aos seus apoiadores.
O ainda chefe do Executivo voltou a questionar a lisura das eleições e a atuação da Justiça, a quem classificou como parcial, e defendeu os bolsonaristas envolvidos em protestos que pedem ruptura institucional para inviabilizar a posse do presidente eleito.
“O que acontece, qualquer medida de força sempre há uma reação. Você tem que buscar o diálogo para resolver, não pode dar um soco na mesa”, disse ele ao criticar o judiciário por punir atos antidemocráticos. “Se você duvidar da urna, você tá passível de responder processo”, queixou-se Bolsonaro, citando a multa de R$ 22,9 milhões imposta ao seu partido, PL, por litigância de má fé.
Segundo o mandatário, sua campanha atraiu massas para as ruas de forma “espontânea”. “O que houve pelo Brasil foi manifestação do povo, não tinha liderança…”, argumentou, defendendo que tais atos se tratam de “protesto pacífico, ordeiro, seguindo a lei”, que têm que ser respeitados.
Apesar de defender os bolsonaristas, ele rechaçou qualquer responsabilidade sobre os atos. “Eu não participei desse movimento, eu me recolhi”, disse o presidente, segundo o qual, seu silêncio visou “não tumultuar” e evitar deturpação de suas palavras pela imprensa, a quem acusa de persegui-lo.
Ele se queixou do enquadramento dado aos atos de seus apoiadores, classificados como golpistas. “Tudo que é feito pela esquerda é bacana. O lado de cá é o tempo todo, ‘ah são antidemocráticos’. Até de terroristas são chamados… Porque um elemento passou por lá e fez besteira, todo mundo tem que ser acusado disso…”, disse Bolsonaro, mencionando superficialmente casos como os atos de vandalismo que incluíram tentativa de invasão da sede da Polícia Federal e incêndio de ônibus, além do atentado a bomba em Brasília (DF).