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Moção de Pesar: Vereadores de Simões Filho manifestam pesar pelo falecimento da líder quilombola Bernadete Pacífico

Redação REDE IMPRENSA | Marcos Castelli

Através da Moção de Pesar N.º 003/2023, os vereadores da Câmara Municipal de Simões Filho, na RMS, na manhã desta terça-feira, 22/08, expressaram profundo Pesar à família da líder quilombola, Maria Bernadete Pacífico Moreira, assassinada na sua Comunidade Remanescente do Quilombo Caipora, em Pitanga de Palmares, no último dia 17 de agosto (quinta-feira).

Berna Guerreira, como era conhecida, representava a força, a resiliência e a determinação da mulher negra, que enfrenta obstáculos para exercer sua fé, defender sua cultura, seu território e conquistar seus direitos básicos.

Foto: CONAQ

Ela era Coordenadora Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), e foi secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho.

Durante a exposição da Moção de Pesar, o presidente da Casa Legislativa, vereador Del Cristo Rei (PSC), cobrou posicionamento do governo federal e estadual, no que se refere à segurança pública, haja vista que, a líder quilombola, segundo Del, fazia parte de um modelo de segurança do Governo do Estado, que falhou dentro de suas respectivas responsabilidades.

“Como presidente desta Casa, e os edis, estiveram presentes lamentando o fato, mesmo porque leva uma imagem negativa da nossa cidade, uma repercussão não positiva desses fatos, de forma brutal esse acontecimento, de uma pessoa que contribuiu de verdade para a nossa cidade de várias formas, levando o nome da cidade, fazendo as ações sociais, representando em todos os segmentos a população mais necessitada, defendendo a sua bandeira, o seu ativismo, então nada mais justo a gente fazer essa Moção”, acrescentou o chefe do Poder Legislativo de Simões Filho.

O vereador e ex-presidente da Câmara, Orlando de Amadeu lamentou a morte da líder quilombola, Mãe Bernadete. “É muita tristeza para todos nós, poderia estar aqui fazendo uma Moção de Homenagem a nossa amiga e irmã Bernadete pelo trabalho e serviço prestado que ela tem nesta cidade, Bahia e Brasil, uma representante nacional dos quilombos do Brasil e teve a sua vida ceifada de uma forma muito cruel, da mesma forma que teve o filho dela, o meu amigo e foi meu assessor nesta Casa, Binho do Quilombo, que muita falta tem feito em nossa comunidade, mas, esperamos que as autoridades tomem todas as providências cabíveis para que seja solucionado essa questão para que realmente o culpado seja acusado de forma correta”, disse o parlamentar.

Outro ex-presidente, o vereador Eri Costa, comentou que no início, tentaram colocar o crime como intolerância religiosa. “Não sou investigador, mas está descartado e esta cidade não pratica intolerância religiosa como quiseram colocar este crime. Cabe a polícia e não a nós, investigar, mas nós temos como Casa, respeitar todos os segmentos”, disse.

Para o vereador Jackson Bomfim, a morte da líder quilombola Bernadete extrapola todo nível de racionalidade humana. “Tirar a vida de uma senhora de 72 anos, que durante toda à sua história lutou por comunidades carentes, eu conheço Bernadete desde os anos 80, tive a oportunidade de participar da vida política ao lado de Bernadete, ela foi a nossa candidata vereadora, em um momento político da nossa cidade, mas ela sempre teve por determinação lutar pela comunidade negra, pela comunidade de Palmares, pelo quilombola, então, um cidadão tirar a vida de uma senhora de 72 anos de idade, é um motivo que a gente não acha nenhum tipo de racionalidade, mas quero dizer que a partir do momento do falecimento da senhora Bernadete, o prefeito Dinha decretou o luto municipal, esta Casa esteve presente no velório, esteve presente no sepultamento, estivemos lá com a família durante esses momentos, e eu gostaria de dizer que pra cidade de Simões Filho, pra a segurança pública do Estado da Bahia, a gente se entristece muito em saber que o Estado não garante nada em termo de segurança. Nós vivemos em um estado de insegurança, e infelizmente, mais uma vida foi ceifada de forma brutal, e nós temos que nos solidarizar com as famílias de Palmares, em especial, com as famílias dos quilombolas”, enfatizou Bomfim.

CONFIRA NA ÍNTEGRA A MANESAGEM DA MOÇÃO DE PESAR

Moção de Pesar N.º 003/2023

Moção de Pesar à família pelo falecimento da Sra. Maria Bernadete Pacifico Moreira.

MENSAGEM

“Vítima de Violência, morreu no dia 17 de agosto de 2023, a Senhora Maria Bernadete Pacifico Moreira, 72 anos, deixando familiares e amigos. Pessoa bastante conhecida e respeitada por sua conduta e liderança na Comunidade Quilombo Caipora, em Pitanga de Palmares.

Há anos lutava pelos direitos da população quilombola e negra brasileira. A Sra. Bernadete nascida e criada no Caminho de Areia, filha de Ubaldino Góes Pacífico e Maria Alvina do Nascimento, filha de estivador e agricultor, mãe de dois filhos e avó de três netos.

Ao chegar em Simões Filho, iniciou sua carreira como Administradora Distrital, defendendo seus ideais e os direitos do seu povo. Representou o Município e o Estado da Bahia na Alemanha e teve a honra de receber o Selo Quilombola, Selo da Agricultura Familiar e Garantia Orgânica.

Recebeu ainda, a Medalha Noêmia Meirelles Ramos, honraria conferida por esta Casa Legislativa a mulheres que possuem relevante trabalho prestado ao nosso Município.

Atualmente atuava como coordenadora nacional da CONAQ. No comando da entidade, ela era responsável por mobilizar as comunidades quilombolas em todo o País, por meio do reconhecimento legal de direitos específicos, no que diz respeito ao título de reconhecimento de domínio para as comunidades quilombolas.

Neste momento de profunda dor e pesar, estendemos nossa mais sincera solidariedade à família, aos amigos e companheiros de Luta de Bernadete. Repudiamos com veemência todos os atos de violência que buscam silenciar as vozes da população quilombola e negra do Brasil, expõe a vulnerabilidade da segurança e demonstra um desrespeito aos direitos e garantias fundamentais resguardados na Constituição da República Brasileira.

Exigimos que as autoridades competentes, o Estado da Bahia e o Governo Federal, responsáveis pelas investigações, conduzam todos os atos minuciosamente e com transparência, visando identificar e responsabilizar os perpetradores desses crimes hediondos. É inaceitável que uma liderança que dedicou sua vida a defender os princípios da igualdade e do respeito tenha sua vida ceifada com tamanha brutalidade. O legado de Bernadete transcende sua partida física, sua luta pelos quilombolas, contra a discriminação, o racismo e intolerância religiosa continuarão inspirando as gerações futuras a seguirem em busca de um país mais justo e igualitário, onde as minorias são vistas e tratadas com dignidade e respeito.

Sua morte enluta não somente seus familiares e amigos, mas toda sociedade brasileira. Aos seus familiares, nossas sinceras condolências, reiterando que esta Casa não poderia deixar de se associar ao seu pesar. Manifestamos nosso profundo respeito e rogamos a Deus que traga conforto aos corações enlutados”.


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