O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que a pandemia de covid-19 é o maior desafio que o mundo enfrenta desde a Segunda Guerra Mundial. Para ele, a situação pode levar a uma recessão sem paralelo e, por isso, exige resposta forte e eficaz.
“É a combinação de uma doença ameaçadora para todo o mundo e de um impacto econômico que conduzirá a uma recessão sem precedentes”, argumenta Guterres para explicar porque essa pandemia é o pior momento desde que as Nações Unidas foram criadas, há 75 anos.
“A combinação dos dois fatores e o risco de uma instabilidade acumulada, de violência acumulada, de conflitos acumulados” fazem desta crise o maior desafio desde a Segunda Guerra Mundial. “É a crise que exige a resposta mais forte e mais eficaz”, adverte. Segundo Guterres, isso só pode acontecer “pela solidariedade e por um esforço comum, abandonando os jogos políticos e compreendendo que a humanidade está em jogo”.
Em pronunciamento na sede da ONU, em Nova York, no lançamento de um relatório sobre as consequências econômicas potenciais da crise, Guterres afirmou que a comunidade internacional está longe do que deveria nesta solidariedade, que é vista apenas em medidas dos países desenvolvidos para conter as suas economias. O número de casos confirmados no mundo está próximo de 860 mil, com mais de 42 mil mortes.
“Estamos longe de ter um dispositivo mundial para ajudar os países em desenvolvimento a eliminar a doença, gerando consequências dramáticas para essas populações em termos de desemprego, o encerramento de pequenas empresas e o fim do comércio informal”, acrescenta. “Avançamos lentamente no bom caminho”, lamentou.
O relatório da ONU indica que cerca de 25 milhões de postos de trabalho no mundo vão desaparecer devido ao surto. O documento prevê uma pressão negativa de cerca de 40% nos fluxos de investimento estrangeiro direto global.
Guterres apelou aos países industrializados que apoiem as nações menos desenvolvidas a “enfrentar o pesadelo da doença, a propagar-se como fogo”. Uma ameaça que depois poderá voltar-se de novo contra os países ricos, como um efeito boomerang, gerando “milhões” de mortos.
“O novo coronavirus está a atacar as sociedades no seu âmago, reclamando vidas e a forma de vida das pessoas”, reforçou. “Precisamos de uma imediata resposta de saúde coordenada para suprimir a transmissão e parar a pandemia”.
A ONU criou, nessa terça-feira (31), um fundo destinado aos países em desenvolvimento, depois de ter feito na semana passada um apelo aos países pobres e em conflito.